Esta sou eu, pega de surpresa por uma colega de trabalho quando voltava para a assessoria de imprensa. Sem nenhuma pintura, nem um batom. Nenhum artifício, nenhuma máscara.
Gosto de mim assim, crua, sem pretenção... cabelos jogados de qualquer maneira, olheiras fundas e escuras, nada de sofisticação, nada de enfeites, nada que possa prender a atenção de alguém num primeiro momento... passando despercebida... sem camuflar o real.
Sou uma pessoa simples. Adoro galerias subterrâneas, pontes imensas e solitárias, masmorras e velhas construções inacabadas, abandonadas à própria sorte... linhas de trem em desuso, invadidas pelo mato... escadas bambas em espiral, com corrimãos sujos, penduradas sobre abismos...
Me fascinam os corredores de paredes estreitas que levam a pequenos quartos iluminados por luz fraca, vermelha, como nos filmes de Wong Kar Wai... bebidas, cigarros e incensos baratos, exalando um forte cheiro de sexo.... e o barulho ritmado de um velho ventilador com pás enferrujadas, fazendo fundo para o som do velho rádio onde se ouve música da década de 40... da época da 2ª Guerra.
Reconheço o luxo, mas não dou a mínima para ele. Não me importo com "5 ou mais estrelas". Não dou a menor bola para motéis com saunas, hidromassagens, tetos retráteis, camas imensas e macias, roupas de cama de cetim, ou algodão com mais de 500 fios. Prefiro hotéizinhos de beira de estrada, ou perto das rodoviárias, com quartos que só possuem uma cama e um espelho quebrado. Para mim, o sexo não precisa de luxo, só carece do desejo genuíno, que desafia a tudo e a todos...