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Julia, λ Ðançarΐna đo λbΐહறoA sedução é a mais forte e a mais subliminar forma de poder que temos; é justamente nesta subliminaridade que reside o poder da sedução.
Tudo o que seduz é ou tem poderA sedução altera, muda, influencia ou perverte sem que o seduzido perceba. Porém, nem toda forma de poder, e os atos que dela decorrem, advêm da sedução.
Seduzir é convencer, persuadir, induzir alguém a agir, ou pensar de forma diferente da que normalmente faz, alterando suas crenças, verdades ou paradigmas (perverter).
Ainda que muita gente entenda a sedução apenas no plano amoroso/sexual, toda forma de relação interpessoal é um campo propício para que tal aconteça.
Quando discutimos um assunto qualquer, e ideias contraditórias são colocadas (futebol, moda, SSC x RACK...), temos um confronto de opiniões, onde cada participante tenta seduzir os demais às suas ideias ou convicções.
Em nosso cotidiano estamos sempre seduzindo alguém à alguma coisa. O problema é que pensamos sempre em “convencer” em detrimento do seduzir.
Seduzir é o meio, convencer é o fim. Seduzo para convencer, e não o contrário.
Há ainda outra questão entre convencer e seduzir. Ainda que o objetivo, lá no fim, seja único, podemos alcançá-lo por caminhos diferentes.
Há o convencimento sem sedução, mas quem seduz (focado num propósito) sempre convence. Posso convencer alguém pela insistência (cansaço) e até por meio da força; ou seja, sem seduzir.
Em qualquer relação onde há uma hierarquia, a própria verticalização de níveis de poder é um fator de convencimento ou facilitador deste. Se aceita, dentre outros motivos, pela ascensão inerente à hierarquia.
Seduzir é diferente. Seduzir é a arte do engodo, da artimanha, do ardil. É fazer com que acreditem na nossa verdade, vencer as resistências a determinada ideia ou comportamento.
Seduzir é como jogar xadrez; ofereço-te a vantagem de uma torre e depois pego tua rainha. Faço-te gostar e desejar o que antes consideravas ruim, fora de propósito ou até abominável.
Seduzir é o convencimento pela
astúcia e inteligênciaO sedutor não impõe, mas faz com que o seduzido queira, deseje e “imponha a si mesmo” recusando o princípio da sua realidade, em favor de uma aposta no devaneio que lhe é proposto.
Pensar BDSM sem estas coisas é um tanto esquisito, principalmente na ótica D/s. Há Dommes e Dons com um incrível poder de seduzir a quem cruze seus caminhos, suas potenciais “vitimas”. Entendo esta característica como condição “sine qua non” para, pelo menos, admirar alguém na condição Top.
A relação sedutor/seduzido é algo extremamente prazeroso. Um jogo de estratégias onde as armas são as mentes dos envolvidos.
Normalmente quem seduz tem ciência do que faz, mas o outro lado nem sempre percebe de imediato. Porém quando ambos têm a percepção desta ação, temos um embate que transcende até mesmo a lógica.
Há um sentimento sádico e masoquista que incita sedutor e seduzido respectivamente. Ambos se tornam reféns da perversão e da morbidez.
Ao sedutor interessa o poder, por isso seduz. O seduzido resiste à ação do primeiro e, desta forma, abandona a passividade inicial tornando-se, ainda que não percebendo, também sedutor.
A sedução iguala os dois lados.
Não mais há sedutor ou seduzido, e ambos
se permitem à sedução da SEDUÇÃO.Escravos da Sedução
Neste jogo ambos perdem a autenticidade
e sabem que o oponente é também inautêntico.
Somente seres "metamorfoseados"
se entregam à sedução.
É, portanto, um jogo
onde a hipocrisia é fundamental!A sedução não é privilégio de Tops ou submissos, mas sim de seres inteligentes, manipuladores, maquiavélicos. Reais dominadores independentemente do papel assumido no BDSM.
Normalmente vemos Tops exercendo a sedução sobre suas peças, mas não é raro haver situações em que se invertem os papéis. Afirmo hipocritamente sem duplo sentido.
Não vejo, contudo, demérito em tal situação. Afinal a inteligência é como a sombra. O sol nasce para todos, mas a sombra...
Ao sedutor resta, em tese, o gozo da intenção concretizada
ou uma possível nova realidade.
Ao seduzido, o gozo da entrega,
ou um sabor diferente...
O regozijo, um direito de todos.
Werther von AY erschaffenO autor Werther von AY erschaffen é um grande submisso. Um Amigo do coração que me deu a honra da publicação deste seu texto magnífico aqui, para que todos pudéssemos aprender mais. Aprender, sim, porque aprendemos e ensinamos sempre. Todos nós e por toda a vida. Agradeço seu despojamento e sua amizade.
Amar Yasmine